sexta-feira

Participar é assumir responsabilidade

As tarifas baixaram, mas as manifestações continuam com várias causas diferentes; é preciso ter cuidado com os que pretendem usar os números em seu favor, ou que tentam determinar quais temas podem ou não podem ganhar as ruas

Com a redução das tarifas de transporte coletivo em várias cidades, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, o objetivo inicial que levou brasileiros à rua foi atingido. Mesmo assim, as manifestações continuam, efetivamente comprovando que “não é só sobre 20 centavos”, um dos bordões frequentemente evocados nas mídias sociais e nas próprias passeatas. O meme humorístico da internet em que personagens com vassouras se perguntam “quem somos?” e “o que queremos?” bem poderia servir ao momento atual. O que querem os brasileiros que seguem nas ruas, depois de terem garantido que pagarão menos nas catracas de ônibus, trens e metrôs? As imagens dos cartazes não deixam dúvidas: há quase tantas reivindicações diferentes quanto pessoas nas ruas.

É justamente esse um dos grandes desafios apresentados pelos protestos: o número de manifestantes em cada cidade é um só; mas quantas pessoas cada causa está efetivamente mobilizando? É possível que um cidadão que vai às ruas empunhando um cartaz, por exemplo contra a corrupção, esteja inconscientemente endossando uma plataforma completamente diferente, e da qual ele pode até mesmo discordar? É verdade que essa é uma oportunidade única para o brasileiro manifestar seu descontentamento com certas situações, ou defender aquilo que ele acha correto. Mas, por outro lado, também é preciso estar atento, checar qual é o “pacote” que se está comprando, para não correr o risco – que não é desprezível – de ser transformado em um número em favor de causas que não necessariamente são as suas. É um questionamento que vale a pena fazer para que cada um veja seu direito à liberdade de expressão efetivamente respeitado, e não instrumentalizado. 

Infelizmente, já existem movimentos e partidos tentando não apenas aproveitar os números gerais em favor de suas causas, mas também “privatizar” a pauta dos protestos, como se apenas eles pudessem decidir quais são as reivindicações legítimas e quais as que não deveriam ter espaço nas ruas. “Repudiamos várias das manifestações feitas nos atos”, disse Mayara Vivian, uma das líderes do Movimento Passe Livre (MPL) paulistano, referindo-se a cartazes contrários à legalização do aborto e favoráveis à redução da maioridade penal. “Tem gente que não consegue nem mobilizar dez pessoas e leva uma faixa com dizeres horríveis”, acrescentou. Em entrevista a um canal de televisão, Mayara prometeu luta por outras causas, como “reforma agrária, reforma urbana, contra o latifúndio agrário, contra o latifúndio urbano”.

A multiplicidade de opiniões presentes nas passeatas é apenas um ponto de partida. Especialmente quando se trata de temas controversos, a democracia realmente se fortalece não pela acumulação do número de manifestantes, nem pelo volume dos gritos de guerra, mas pelo diálogo, pela disposição de entender as opiniões alheias para construir as melhores propostas para o país. A legitimidade que o movimento ganha é diretamente proporcional ao espaço que ele abre para o debate de ideias. Por isso preocupa tanto que autoproclamados “donos” das passeatas queiram determinar que temas podem ou não ser levados às ruas. Agir assim é vetar a possibilidade de iniciar o diálogo, é matar o caráter democrático das manifestações. Quem participa delas tem, então, essa dupla responsabilidade: a de não se deixar instrumentalizar por militâncias alheias a suas convicções, e a de manter abertos os canais de debate iniciados pela mobilização popular.

Fonte: Gazeta do Povo

quarta-feira

Curitiba terá audiência pública para discutir ampliação da frota de táxis

No próximo dia 4 de julho a população de Curitiba poderá participar de uma audiência pública para discutir as diretrizes para a elaboração do edital de licitação que vai ampliar a frota de táxis do município. A reunião será realizada pela Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), responsável pelo gerenciamento e administração do serviço de transporte individual de passageiros na capital, a partir das 19 horas, no Salão de Atos do Parque Barigui.

De acordo com a Urbs, a convocação oficial da audiência foi assinada nesta terça-feira (18) e será publicada na próxima quinta-feira (20) em jornais locais, nos diários oficiais do estado e do município e nos site da Prefeitura e da Urbs. A intenção é que todo o trâmite que permite a ampliação da frota seja finalizado, no máximo, até o início do próximo ano.

O órgão disse que durante a audiência será definida, entre outras resoluções, a quantidade de táxis que será adquirida por meio do edital para suprir a deficiência da frota atual, que é de 2.252 táxis e cuja formação data de 1975, quando a cidade tinha em torno de 600 mil habitantes. Hoje, Curitiba tem 1,7 milhão de habitantes, o que corresponde, aproximadamente, a um taxi para 778 moradores (Confira no infográfico abaixo). 

O termo de referência que vai nortear todo o processo foi elaborado depois de uma série de encontros e reuniões com taxistas permissionários, condutores, empresas, cooperativas, sindicatos e vereadores, bem como processos para ampliação de frota de táxi em outras cidades. 

ACP reclama da frota atual 

As reclamações a respeito do déficit de táxis em Curitiba não se limitam apenas aos moradores e visitantes da cidade. A Associação Comercial do Paraná (ACP) afirma que essa falha no transporte também influencia negativamente no setor comercial da cidade. Nesta terça-feira, a entidade publicou um comunicado solicitando às autoridades a adoção de medidas urgentes para solucionar o problema. “Tem gente que prefere usar os serviços de táxi a usar ônibus, então, conforme o usuário percebe que não tem carro disponível, sai menos para fazer compras. Isso é uma constatação que precisa ser mudada e nós queremos alertar isso”, declarou o presidente da ACP, Edson José Ramon no comunicado. 

Como está a frota de táxi em Curitiba

segunda-feira

3° ato contra o aumento da passagem em Curitiba acontece nesta segunda

Está programado para esta segunda-feira (17) uma nova manifestação contra o aumento das tarifas do transporte público em Curitiba. O III Ato em Apoio ao Movimento Nacional contra o Aumento da Passagem é organizado pelo Facebook contava com mais de 10 mil pessoas confirmadas até as 14 horas deste domingo (16). 

Além da redução imediata da tarifa dos ônibus, a pauta da manifestação faz referência a opressão e criminalização dos movimentos sociais, a luta pelo passe livre estudantil, a reivindicação de melhorias na mobilidade urbana e repúdio aos gastos do governo federal na Copa do Mundo.

O protesto em Curitiba desta segunda-feira está agendado para às 18h. O trajeto da manifestação não é informado na página, mas organizadores da marcha disseram na sexta-feira que a rota da manifestação deve permanecer igual. O grupo deve se reunir inicialmente na Boca Maldita, próximo a Praça Osório, na Rua XV, e partir em direção a Praça Tiradentes, percorrendo pela Rua Barão do Cerro Azul e seguindo Pela Avenida Cândido de Abreu até a Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico. 

O movimento reúne grupos como a Organização das Farofadas, Marcha da Maconha, Marcha das Vadias e integrantes de partidos políticos. A manifestação também pretende divulgar a “Farofada pelo Transporte Público”, marcada para o próximo dia 21 de junho. 

Manifestações anteriores 

Na última sexta-feira (14), cerca de 700 manifestantes protestaram contra o aumento no valor das passagens de ônibus e a violência policial na repressão de protestos em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Os jovens, munidos de apitos, cartazes, narizes de palhaço e baterias, percorreram o centro da cidade.

A primeira manifestação na capital paranaense sobre o aumento das passagens ocorreu na quinta-feira (13) e cerca de 150 pessoas se concentraram na Boca Maldita. Não houve registro de tumultos.

Farofada do Transporte 

A 2° Farofada do Transporte está programada para as 18 horas do dia 21 de junho, próxima sexta-feira, e até o começo da tarde deste domingo 19 mil pessoas haviam confirmado presença no evento pelo Facebook. De acordo com informações da página, a mobilização tem como principal queixa a situação do transporte público na capital paranaense.

sexta-feira

Lapa comemora 244 anos

Divulgação / A cultura do movimento tropeiro é uma das principais características da Lapa

Os 244 anos de história da Lapa estão nos festejos do Dia de Santo Antônio de Pádua, foram comemorado nesta quinta-feira (13). A data também é dedicada ao turista. Dois bons motivos para visitar a cidade, que fica a 70 km de Curitiba.

Durante toda semana serão realizados eventos culturais e religiosos na Praça General Carneiro, localizada no centro do Município. Hoje (13) acontece a Missa Solene do Padroeiro Santo Antonio seguida de almoço comemorativo e apresentações culturais. No sábado, (15) o destaque entrega de Comendas “Heróis da Lapa” no Theatro São João.Ainda como parte das comemorações pelo aniversário da cidade, haverá corrida rústica no dia 23 e etapa do Campeonato Paranaense de Mountain Bike, no dia 30.

Segundo o Secretário de Turismo do Paraná, Jackson Pitombo, o município da Lapa com seu Centro Histórico composto por aproximadamente 235 edifícios tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), representa importante destino turístico do Estado. “O conjunto arquitetônico da antiga Rua do Cotovelo, o Theatro São João, um dos mais antigos do Brasil, o Museu de Armas, a Casa Lacerda, a Casa Vermelha e o Museu Histórico são atrativos que merecem ser visitados”, afirma.

Capital da Cultura - Em 2011 o município foi escolhido como Capital brasileira de Cultura. Além do conjunto arquitetônico bem preservado, a cidade mantém um patrimônio imaterial relevante, como as Congadas, as festas religiosas e populares, bem como a gastronomia com forte influência do movimento tropeiro. Merece destaque a receita da famosa “Coxinha de Farofa”, preparada com massa de pastel enrolada em tiras. Apesar do nome, a coxinha não possui farofa em seu preparo.

Curiosidade
O nome “Lapa” vem do vocabulário pré-céltico lappa, que significa grande pedra, ou grande laje, que forma um abrigo.

quarta-feira

Dentro de um ano, a bola rola no Mundial brasileiro

Um ano em alta voltagem dentro e fora dos gramados será deflagrado hoje. O Brasil desafia o tempo para se tornar, daqui a 365 dias, o reduto do futebol mundial. A contagem regressiva para a Copa do Mundo impacta tanto a seleção brasileira quanto a capacidade de organização de grandes eventos do país.


Nos dois casos, a demora precisa ser compensada às pressas. Após mais de dois anos de era Mano Menezes, o aglutinador Luiz Felipe Scolari reiniciou os trabalhos no fim de 2012 e terá sua segunda “gestão” à frente da equipe brasileira confrontada na Copa das Confederações, ensaio geral da Fifa para o Mundial e com pontapé inicial no próximo sábado.

O evento-teste também pode servir para arrematar ao menos a base do time verde e amarelo. “Em um ano muita coisa pode acontecer. Claro que todos os jogadores querem receber essa oportunidade, muitos queriam estar aqui. Vou continuar depois da Copa das Confederações tentando ajudar o São Paulo para tentar sempre ser lembrado”, declarou ontem o meia paranaense Jadson. “É o nosso sonho [estar na lista da Copa]”, reforçou o corintiano Paulinho.

Infraestrutura

Nas 12 cidades por onde serão pulverizados jogos em 2014, a missão é driblar atrasos e o reajuste em obras que colocam em xeque, especialmente, a questão da mobilidade. Lenta e mais cara, daqui para frente a preparação para a Copa do Mundo será marcada por inaugurações por atacado, algumas às portas do início da Copa.

Em Curitiba, palco de quatro jogos da primeira fase e a última a entrar em cena em 2014 (o primeiro duelo será no dia 16/6), nenhuma obra está pronta.

A Arena da Baixada – empreitada mais esperada e controversa devido à engenharia financeira envolvendo o Atlético e o poder público – será entregue em dezembro e quase R$ 100 milhões mais cara, de R$ 135 milhões iniciais para R$ 234 milhões.

Das obras previstas para a capital, duas ficaram pelo caminho: o Corredor Metropolitano e a reurbanização da Avenida Cândido de Abreu acabaram excluídos do PAC da Copa. Neste ano, somente o Terminal Santa Cândida começará a funcionar e pelo menos três obras serão entregues às vésperas do Mundial.

Estão previstas para maio de 2014 a inauguração do Corredor Aeroporto/Rodoferroviária, da reforma na própria Rodo­­ferroviária e na Ave­­nida Marechal Floriano.

Impacto

A um ano da Copa, um estudo encomendado pelo governo federal estima que o impacto econômico do Mundial em Curitiba seja de R$ 1,8 bilhão. O legado do evento esportivo mais importante realizado na cidade, contudo, só será detectado com o tempo

segunda-feira

Teste avalia wi-fi grátis de Curitiba


Nem todos sabem, mas as ruas de Curitiba contam atualmente com onze pontos de acesso ao wi-fi livre e gratuito. Trata-se de um serviço criado ao longo dos últimos anos pela prefeitura e pensado para trabalhar, estudar ou simplesmente navegar ao ar livre. São cerca de 1.500 acessos únicos por dia, de acordo com o Instituto Curitiba de Informática (ICI)


Usando um notebook HP 650 e um iPad 16GB, a reportagem da Gazeta do Povo testou o serviço em praças, matrizes regionais e parques espalhados pela cidade. A velocidade de navegação foi medida com auxílio do site www.speedtest.net, por meio de seis testes (três efetuados com o iPad e três com o notebook).

As principais falhas foram encontradas no Parque Barigui, onde não foi possível se conectar pela falta de sinal. O teste foi realizado em dias e locais diferentes: na frente do bistrô Curitiba, ao lado do Salão Barigui e no Bar do Lago. “O sinal é muito ruim”, reclama Manoel Macedo de Araujo Neto, 17 anos, garçom. “Às vezes funciona por poucos minutos, mas só de manhã muito cedo”.

Na Rua da Cidadania do Boqueirão, a reportagem encontrou o melhor ping (tempo que um pacote de dados demora para ser enviado do computador ao servidor e voltar), 34 milisegundos. O local também teve a pior velocidade de download entre os locais visitados: apenas 0,48 megabits por segundo. Além disso, o sinal funciona apenas numa pequena área. “Aqui não pega, mas se funcionasse, poderia divulgar meu trabalho na internet”, explica a cabelereira Katrie Suelen da Silva de Deus, 19 anos, que trabalha no local.

No Mercado Municipal, a reportagem detectou o pior ping (325 milisegundos), uma das velocidades de download mais baixas (0,54 megabits por segundo). A pior velocidade de upload foi encontrada na rua da cidadania da Praça Rui Barbosa (0,12 milisegundos). A Praça da Espanha se revelou o ponto de acesso com o melhor desempenho: a velocidade de download ficou em 4,44 megabits por segundo, bem acima dos 2 megabits por segundos indicados pelo ICI como velocidade máxima. A velocidade de upload também ficou acima da média (1,37).

Bons desempenhos foram encontrados também no Largo da Ordem e no Jardim Botânico. Em geral, a reportagem conseguiu utilizar a conexão wi-fi em quase todos os locais e realizar tarefas básicas como navegar na internet, abrir a caixa de e-mail e assistir a vídeos no Youtube.

Desconhecimento

Sem saber da facilidade, cidadãos usam 3G paga

A falta de comunicação é uma das principais falhas apontadas pelos usuários do wi-fi gratuito em Curitiba. Na matriz da Praça Rui Barbosa, no Mercado Municipal, na Rua da Cidadania do bairro Boa Vista e na Rua da Cidadania do Boqueirão faltam placas informando a presença do sinal. Na Praça da Espanha, a placa foi parcialmente pichada.

Muitas das pessoas entrevistadas elogiaram a iniciativa, mas revelaram que não conheciam o serviço. Adriane Mendes, 39 anos, é funcionária da Rua da Cidadania da Boa Vista: “Trabalho aqui há muito tempo e nem sabia. Até agora usei a minha conexão da TIM”.

Assim como a advogada Lorayne Claudino, 29 anos, que costuma levar o notebook ao Barigui para estudar: “Nem sabia, não vi placas em lugar nenhum. Seria muito útil para mim. Sempre usei o meu pen drive com a conexão 3G”.

quinta-feira

Feira de Inverno começa dia 15 de junho

As feiras especiais de Artesanato de Inverno serão montadas entre os dias 15 de junho e 14 de julho nas praças Osório e Santos Andrade, Centro de Curitiba. 

Nestes locais, os visitantes poderão encontrar barracas vendendo produtos de artesanato típicos de inverno e de festas desta época do ano, como roupas juninas, cachecóis, roupas de lã, chinelos e pantufas. Barracas de alimentação também venderão pinhão, quentão e lanches. No total, 61 barracas serão montadas na Praça Osório e 20 na Praça Santos Andrade. 

O horário de funcionamento da Feira de Inverno na Praça Osório será de segunda a sábado, das 10h às 21 horas, e aos domingos, das 14h às 19 horas. Na Praça Santos Andrade, a feira estará de segunda a domingo, das 10h às 20 horas. 

A Feira Especial de Inverno é realizada há 18 anos e, de acordo com a gerente de artesanato do CTur, Marily Pires Lessnau, é uma alternativa de renda aos artesãos da cidade, além de ajudar no escoamento da safra de pinhão da produção rural e na divulgação dos hábitos e costumes dos curitibanos através da culinária típica do Paraná. 

Feira Especial de Inverno 

Data: de 15/06 a 14/07 
Local: Praças Osório e Santos Andrade 
Horário: Praça Osório - segunda a sábado, das 10h às 21 horas, e aos domingos, das 14h às 19 horas. Praça Santos Andrade - segunda a domingo, das 10h às 20 horas.

Paris presta homenagem a Oscar Niemeyer e sua obra

Divulgação /

Cinco meses depois da morte de Oscar Niemeyer, a sede do Partido Comunista em Paris está dedicando uma exposição à obra-prima do arquiteto, a rápida e futurista construção da cidade de Brasília.

Com uma coleção de 200 peças entre documentos inéditos, fotografias e maquetes, a mostra "Brasília, Meio Século da Capital do Brasil" relembra a concepção modernista e comprometida da maioria de seus criadores, como o urbanista Lúcio Costa, o paisagista Roberto Burle Marx e o próprio Niemeyer.

"(Juscelino) Kubitschek quis promover 50 anos de progresso em apenas 5 anos, entre 1956 e 1960, e embora o plano piloto tenha concebido somente o núcleo de Brasília, também houve uma evolução demográfica nas cidades-satélite", declarou à Agência Efe a produtora artística do projeto em Paris, a brasileira Patrícia Trautmann.

A proposta de transferir a capital para o interior do país era uma velha ideia que foi defendida pelo marquês de Pombal durante o período colonial, quando o centro nervoso do país era Salvador. No entanto, a evolução cultural, urbanística e política, assim como o ar vanguardista que o grupo de Niemeyer deu à cidade, conseguiram afastar Brasília da imagem de cidade agrícola e rural e a colocaram no cenário internacional.

Tanto que 27 anos depois da inauguração da capital, (21 de abril de 1960), Brasília foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, tornando-se assim a única cidade construída no século 20 a receber esse reconhecimento.

Entre os prédios originais mais famosos da cidade se destacam as duas abóbadas invertidas do Congresso Nacional, os 16 pilares de concreto que evocam braços erguidos para o céu da Catedral de Brasília e o Palácio do Itamaraty que parece flutuar sobre a água. "O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que se encontra nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos rios, nas nuvens e no corpo da mulher", dizia Niemeyer, que morreu no último dia 5 de dezembro aos 104 anos.

Em cinco anos, Brasília surgiu como um conjunto harmônico de formas, volumes, estruturas, vias, espaços cheios e vazios que dialogam com uns edifícios majestosos e complexos, apesar da simplicidade dos elementos combinados. A epopeia, como lembra a mostra, também foi obra dos mais de 60 mil operários que trabalharam 18 horas por dia em "condições deploráveis" para dar forma ao "delírio" do presidente Kubitschek.

Durante seu exílio político na França, o mestre modernista ofereceu a seus camaradas do Partido Comunista uma sede para em Paris, que lembra as curvas e linhas de Brasília e que é, justamente, o prédio que exibe a exposição até 29 de junho.

"Niemeyer estava muito ligado a Paris e ao PCF já que viveu aqui durante os anos da ditadura brasileira. Por isso, decidimos fazer a exposição na sede do partido, sua primeira obra no exterior, que ele mesmo concebeu de maneira gratuita e desinteressada e à qual tinha verdadeiro apreço", disse Patrícia.

segunda-feira

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Sons para celebrar Leminski


 / Parceiro de grandes nomes da MPB, poeta também se destacou no cenário musical

Consagrado por sua poesia, a faceta musical do escritor e poeta Paulo Leminski sempre permaneceu um pouco mais oculta, apesar das conhecidas parcerias com músicos. Tanto que a filha, Estrela Leminski, organizou e planejou uma parte dedicada somente à música na exposição Múltiplo Leminski, em cartaz desde o ano passado no Museu Oscar Niemeyer (MON), que termina no dia 9. Para o encerramento da mostra, o auditório do MON recebe amanhã o show Essa Noite Vai Ter Sol, com Estrela, Téo Ruiz e participação especial de Arnaldo Antunes.

O espetáculo, que estreou em 2009 no Itaú Cultural, em São Paulo, como parte da exposição Ocupação Leminski, traz no repertório composições populares de Leminski, como “Verdura”, gravada por Caetano Veloso, e “Luzes”, interpretada primeiramente por José Miguel Wisnik (que participou do mesmo show, que também fez temporada no Teatro Paiol em 2011), e estourou na voz de Antunes. Além disso, Estrela incluiu no repertório do show de amanhã algumas canções inéditas. “Com o show de 2011, percebi que as pessoas ficavam impressionadas em saber que várias músicas de que gostavam eram composição dele.”

Estrela salienta ainda que o show consegue resgatar, do ponto de vista histórico, o que seu pai criou musicalmente. “Ele estava ao mesmo tempo no tropicalismo, na vanguarda paulista e no rock de Curitiba. E é legal as pessoas saberem desse lado, ele não fazia musiquinhas em casa, é para as pessoas sacarem como é a obra musical dele.”

Na estreia do show em 2009, Estrela e Téo Ruiz dividiram o palco com Edvaldo Santana, Vitor Ramil e Moraes Moreira. No Paiol, em 2011, o convidado foi José Miguel Wisnik e, dessa vez, Estrela resolveu chamar Arnaldo Antunes, que é uma influência musical e poética para ela. Em comum, todos esses convidados têm uma afinidade não somente artística, mas pessoal. “Eu sempre opto por pessoas mais próximas, o Moraes Moreira é meu padrinho, é algo normal dividir o palco. O Zé Miguel, idem, também temos muita proximidade. E o Arnaldo, lembro muito pequena que já íamos na casa dele, a família toda é amiga. Faltava ele nessa sequência de parceiros”, diz.

Com a exposição no MON e o lançamento de Toda Poesia, livro que reúne a trajetória poética de Leminski e é sucesso nas livrarias (em um mês, foram três reimpressões e mais de 15 mil exemplares vendidos, além de ter permanecido por semanas no primeiro lugar da lista dos títulos mais vendidos da Livraria Cultura), parece existir uma “onda Leminski”.

“A exposição acabou mexendo com quem já conhecia a obra dele, e serviu para uma nova geração que não tinha esse contexto sobre ele”, acredita Estrela. Já o estouro do livro foi um “alívio.” “A obra estava complicada em outra editora, foi um desatar de nós. Muita gente também é apaixonada pela obra dele mas não encontrava livros. Em sebos, qualquer livro dele custa pelo menos R$ 60, e agora é possível ter a obra completa por menos de R$ 40.” Segundo Estrela, o preço acessível foi algo que a família “bateu o pé” para acontecer, mas ela se surpreende com o fato de um livro de poesia ter tamanho sucesso comercial. “Torço para que pessoas que compraram o livro procurem outros autores de poesia também.”

Onda do poeta ainda terá CD duplo e songbook

Até o final de 2014, um CD duplo com canções de Paulo Leminski estará disponível. O projeto, contemplado no mecenato municipal, reúne tanto as parcerias musicais do escritor como os trabalhos solos – para esta parte, Estrela Leminski, filha do escritor, será responsável pela maioria das interpretações, com participações de Ná Ozzetti, Zélia Duncan, Arnaldo Antunes e Zeca Baleiro.

Ela também vai manter no disco uma faixa com o próprio Leminski cantando. “Para as pessoas sacarem o jeito de ele cantar, com sotaque bem carregado.” Estrela também fará novos arranjos para as canções, mantendo os gostos pessoais do pai – ela diz que é fácil de perceber em várias músicas influências de bandas como The Police e Sex Pistols. O disco sairá no ano que vem, ainda sem data definida.

Há cerca de 15 dias, outro projeto, inscrito em edital da Petrobrás, foi aprovado: um songbook que reúne a obra musical de Leminski. “Ainda nem caiu a minha ficha”, conta Estrela, que também está organizando muitas fitas cassete inéditas, e restaurando outras (algumas estavam mofadas). “Ele gravou muita coisa para os amigos, então, arrisca de algo novo aparecer.” O lançamento deve ocorrer em 2015.

Fonte: Gazeta do Povo