O Ministério do Turismo deu início nesta quarta feira, 24
de fevereiro, a discussão sobre o sistema de classificação de hoteis que o
governo implantará. Em uma platéia de aproximadamente 100 pessoas, em sua
maioria não-hoteleiros, formou-se uma mesa de autoridades composta por sete
pessoas, que ladearam o Mtur na pessoa de Ricardo Moesh, o Secretário de
turismo de Porto Alegre, o Deputado Federal Afonso Hamm, o presidente da
Sociedade Brasileira de Metrologia, os Hoteleiros Daniel Antonioli, presidente
do Sindicato de Hoteis de Porto Alegre e José Reinaldo Ritter, Presidente da
seccional gaucha da Associação brasileira de Hoteis, Norton Luiz Lenhart,
Presidente da Federação Nacional de Hoteis, Restaurantes, Bares e Similares e
Guilherme Paulus, que foi identificado como Membro do Conselho Nacional de
Turismo, sabidamente o maior empresário do turismo brasileiro que perpassa pela
hotelaria (GJP Hoteis), transporte aéreo (WEBJET) e operação turística (CVC).
ABIH, FNHRBS e SHPOA se expressaram em uníssono, cada um
colocando-se contrário a classificação de hoteis e desfiando suas razões. José
Reinaldo Ritter deu um tom moderado porem firme ao fazer um breve histórico das
mazelas que a classificação sofreu nos últimos 15 anos e colocou-se contrário e
apreensivo com a forma como este assuntou voltou a incomodar os hoteleiros,
mas, afirmou que, “se houver classificação, a ABIH quer estar participando das
decisões e não apenas assistindo a esta ação”.
Norton Lenhart foi mais taxativo ao se posicionar contra
a classificação, lembrou que o pais vive, pela força de sua constituição, em um
regime de livre iniciativa, e taxou de controverso este ato e ainda colocou
que, “se a não classificação criar impeditivos de acesso a mercados ou a
credito”, sua entidade vai reagir “a esta interferência do estado na economia”.
Em seguida, Daniel Antonioli, formou coro com os lideres
anteriores e provocou reações na platéia, ao afirmar que “o mercado enterrou a
classificação a muito tempo, agora reavivada por este ato”, afirmando que esta
classificação é no mínimo antiquada, pois o mercado já desenvolveu formas de
qualificar os hoteis e “a internet se encarregou de colocar o cliente
virtualmente dentro do hotel parq verificar sua qualidade e padrão”. A queima
roupa, dirigiu-se ao Deputado Afonso Hamm e disparou: “o deputado apresentaria
uma proposta que revogasse a lei da oferta e da procura?”. Concluiu com duas
assertivas de chamou a atenção: “o INMETRO tem que aferir balanças e não querer
nos enganar, dizendo que esta qualificação do governo vai melhorar nossa
qualidade. O governo deverá ter mais o que fazer a favor de nossa qualidade e
não deveria gastar dinheiro a toa, deveria cuidar das estradas e da banda larga”.
Poderíamos observar ao Sr. Daniel Antonioli, se ele sabe
que aferir balanças pode ser um bom negócio, pois, segundo informação colhida,
cada balança no comércio precisa ser aferida de seis em seis meses e o custo
para o comerciante é de R$ 40,00 por unidade. Ou seja: num mercado como o
gaúcho, estimado de 25 mil balanças, corre todos os anos pelas vias desta
aferição, a bagatela de R$ 2.000.000,00.
‘Se o ministério do turismo fosse sério, a reunião seria
encerrada agora” disparou um hoteleiro da terceira fila.
Guilherme Paulus tangenciou o assunto, ao mesmo tempo que
espetou a EMBRATUR, citando que antigamente se “comprava estrelas”, chegando a
citar algumas griffes de fama histórica, que tiveram este tipo de
problema. Apaziguando os ânimos, lembrou que o Mtur é uma conquista do trade e
que este deveria “escutar os argumentos e se sintonizar com o mundo”.
Afonso Hamm falou por vinte e cinco minutos e tambem
cometeu boas teses, como comparar o sistema proposto pelo Mtur com o sistema de
rastreamento do gado, “esta é minha experiência quando estive no Ministério da
Agricultura”, por vinte e cinco minutos descreveu sua trajetória e sua intenção
em relação ao turismo, porem, não lançou nenhuma luz sobre o assunto, até por
ser neófito, e tambem não respondeu a questão do Daniel Antonioli sobre a lei
da oferta e da procura.
Na última falação, o Diretor do Mtur, simplesmente passou
alto sobre as críticas e apresentou imperialmente 8 lâminas onde descreveu como
será o sistema, deixando claro que este é impositivo, “já está definido e será
implantado da forma como foi concebido. É uma determinação” e respondendo
indiretamente aos questionamentos do presidente da FNHRBS, declarou que “é
voluntário, mas, poderá ser utilizado por órgãos do governo em suas licitações
e poderá ainda ser exigido para acesso a recursos em alguns casos pelo menos”.
Nos seguintes momentos, a proposta-determinação é que um
grupo seleto irá discutir como será a matriz, em um calendário definido pelo
Mtur.
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