Esquema de segurança sofre mudanças em Curitiba. Direito a manifestações será mantido, mas meta é coibir excessos nas imediações da Arena da Baixada
A onda de protestos que varreu as cidades brasileiras em junho e bateu na porta de estádios em plena Copa das Confederações deixou em alerta os órgãos responsáveis pelas ações de segurança voltadas à Copa do Mundo de 2014 em Curitiba. A fim de evitar confrontos durante o evento, a Comissão Estadual de Segurança Pública e de Defesa Civil para Grandes Eventos (Coesge) do Paraná defende que o perímetro de restrição ao redor da Arena da Baixada seja ampliado e já adianta que vai deslocar policiais à paisana para acompanhar possíveis manifestações.
A preocupação ficou mais evidente após os protestos ocorridos durante a Copa das Confederações. Logo no dia do jogo de abertura, em Brasília, cerca de 600 pessoas marcharam em direção ao Estádio Mané Garrincha. As manifestações se concentraram perto do palco do jogo, assustando torcedores e provocando reação das forças de segurança: 58 pessoas ficaram feridas e 19 foram presas. Protestos também foram registrados na primeira rodada do evento perto de estádios do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife.
Segundo o delegado da Polícia Federal e presidente da Coesge, Fluvio Cardinelle Garcia, os episódios reforçam a necessidade de se estender o perímetro de segurança ao redor da Arena da Baixada, que só será ultrapassado por moradores e torcedores com ingressos. Inicialmente, a previsão é de que a área de restrição seria de 1,37 quilômetro quadrado, indo da Avenida Silva Jardim até a Rua Chile – a nova estimativa ainda não foi divulgada.
A orientação oficial, compartilhada entre diferentes corporações, como polícias Federal, Civil e Militar, Guarda Municipal e Exército, é permitir a livre passagem de manifestantes, inclusive com o possível fechamento de ruas, desde que não haja excessos e os protestos não interfiram na chegada de torcedores, jogadores e delegações ao estádio.
“Nosso objetivo, de forma alguma, será impedir manifestações. Estamos num país democrático e democracia é isso. O povo tem o direito de ir pra rua, de protestar. Nosso papel vai ser focar em cima dos excessos. Eu posso protestar, mas não posso invadir uma concessionária e sair de lá com uma moto. Não posso começar a quebrar a prefeitura. Isso fere e extrapola em muito meu direito de me manifestar”, afirma o delegado Garcia.
O presidente da Comissão também adianta que haverá policiais disfarçados em meio aos protestos, para coibir ações de “baderneiros que estão infiltrados em movimentos que são legítimos”. “O cidadão que começou a colocar uma máscara e pegou uma garrafa com conteúdo líquido na mão, vai ser levado e tirado de lá. Esse será o tratamento”, diz.
Ações serão controladas de um único local
Por “questões de segurança”, os órgãos integrantes da Comissão Estadual de Segurança Pública e de Defesa Civil para Grandes Eventos (Coesge) do Paraná não divulgam o efetivo que será deslocado para Curitiba durante os jogos da Copa na capital e também durante todo o evento. No entanto, já se sabe que 4 mil integrantes do Exército devem vir para a cidade.
As ações de monitoramento e planejamento serão concentradas durante a Copa no chamado Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR), estrutura exigida pela Fifa para as cidades-sede (veja infográfico). A partir do centro, equipes que estão na rua e órgãos ligados ao município serão acionados para enfrentar possíveis problemas.
A Polícia Civil afirma que agentes já estão sendo treinados para reforçar a segurança durante a Copa de 2014 – em especial os policiais do Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre), que chegaram a atuar como forma de teste durante os X Games Foz do Iguaçu, em abril deste ano. A Gazeta procurou a Polícia Militar para discutir a preparação dos PMs, mas a corporação não se pronunciou.
Barrados
A Polícia Federal afirma que pediu a vários países listas com o nome de torcedores que já se envolveram em ocorrências de violência em eventos esportivos nos seus países de origem. A intenção é impedir a chegada desses turistas nas cidades brasileiras durante a Copa do Mundo de 2014, enviando-os de volta, se necessário. Embaixadas e consulados brasileiros, inclusive, já estariam sendo instruídos a não dar visto para os torcedores presentes na lista. A mesma estratégia foi utilizada na Copa da Alemanha em 2006, quando havia uma forte preocupação em relação à presença dos hooligans, grupos de torcedores que se notabilizam pelo comportamento violento.
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