segunda-feira

Fora dos campos, Copa vira objeto de pesquisa


Desde que Curitiba foi anunciada, em 2009, como uma das cidades que receberão jogos da Copa do Mundo, o tema despertou interesse e invadiu os debates nas salas de aula. A pouco mais de um ano para o megaevento, boas ideias têm saído do papel e ido além das conversas internas. O Vida na Universidade foi atrás de projetos, trabalhos acadêmicos e outras iniciativas universitárias que voltaram suas atenções para os jogos do Mundial, seus preparativos e suas consequências. São ações de áreas diversas, levadas adiante de modo independente do poder público e motivadas, sobretudo, por quem quer fazer parte desse importante momento da cidade e do país.

No curso de Turismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), a disciplina de Planejamento e Organização do Turismo faz com que os alunos visitem os bairros de Curitiba, coletando dados sobre serviços e estabelecimentos disponíveis nas áreas de gastronomia e hotelaria. “Eles fazem um diagnóstico levando em conta pontos fracos e fortes, além de apresentar propostas de como aperfeiçoar os serviços para a Copa”, conta a coordenadora do curso, Raquel Panke.

Os relatórios são oferecidos a associações de moradores e às regionais da cidade. Um dos estudantes que passaram pela experiência resolveu se aprofundar no tema e dedicou seu trabalho de conclusão de curso a uma reflexão sobre o marketing da cidade para a Copa de 2014. O turismólogo Paulo Henrique Borges, graduado em 2011, propôs que a prefeitura investisse mais em redes sociais e outras estratégias on-line para agregar valor à imagem da cidade.

O envolvimento do então estudante com o tema foi tão grande que ele resolveu transformar a ideia em negócio. No ano passado, Borges lançou o Curitiba Space, um site voltado exclusivamente à divulgação do que a cidade oferece nas áreas da cultura e serviços. Cerca de 6,6 mil pessoas já curtiram a página do site no Facebook. “Decidi aplicar eu mesmo as ações que havia proposto”, diz.

Atentos aos passos dos três poderes

No Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade Positivo (UP), 180 alunos estudam as ações do Legislativo, dos tribunais e do Poder Executivo relacionadas ao megaevento de futebol. A ideia partiu da curiosidade dos próprios estudantes sobre o tema, diz o professor Eduardo Faria Silva, responsável pelo projeto. “Eles analisam como as instituições políticas atuam e depois apresentam relatórios de avaliação”, explica.

O funcionamento do Tribunal de Contas da União foi um dos primeiros objetos de estudo. Os alunos leram todos os relatórios produzidos pela instituição sobre as obras no Paraná e acompanharam um julgamento no Tribunal de Contas do Estado. Para Silva, o Mundial envolve diferentes alternativas jurídicas, alocações de recursos, convênios nacionais e internacionais que exigem de todo acadêmico de Direito um conhecimento aprofundado.

Além disso, a pós-graduação da UP promove no próximo dia 15 de maio, às 19 horas, mais uma etapa do ciclo de debates "As Cidades na Copa", série de encontros que já debateu especulação imobiliária, exceções do entorno dos estádios e potencial construtivo. Desta vez, o tema será acessibilidade, conectividade e mobilidade.

De olho em obras e investimentos feitos em Curitiba para o Mundial de 2014, 15 estudantes do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR) devem concluir neste ano um manual de boas práticas que servirá de guia para futuros empreendimentos feitos pelo poder público.

A pesquisa faz parte de um projeto de extensão criado em 2012 a partir de uma parceria entre a UFPR e o Tribunal de Contas do Estado (TCE), responsável por fiscalizar a aplicação da verba destinada ao município, sobretudo, pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Alunos de graduação e pós-graduação têm contribuído com a análise de projetos e a adequação de orçamentos. “Tentamos identificar se os custos estão de acordo com o que está expresso nos documentos e visitamos algumas obras”, diz o graduando César Augusto Frandoloso.

Segundo o professor Mauro Lacerda, um dos responsáveis pelo projeto, o interesse pela iniciativa foi enorme. “Só não temos mais alunos porque não temos espaço”, diz. Ele destaca que a iniciativa não tem a intenção de caçar culpados, mas de contribuir de modo consistente com a realização das obras. “Esse trabalho nos dá acesso a informações que nos permitem estipular a qualidade das construções a partir dos projetos básicos e identificar possíveis gargalos futuros”.

O projeto garante uma bolsa-auxílio paga pelo TCE aos participantes, o que possibilita dedicação diária à tarefa. O expediente é cumprido em um escritório dentro do Centro Politécnico.


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