Concursos têm 55 mil vagas em 2013
Além de concentrar os melhores salários, órgãos federais
devem ser responsáveis pela maior parte das oportunidades no setor público no
ano que vem.
As perspectivas não poderiam ser melhores para quem sonha
com uma carreira pública em 2013. Entre editais previstos e outros já em
andamento devem ser abertas mais de 55 mil vagas nas esferas municipal,
estadual e federal conforme apontou um levantamento das oportunidades
confirmadas para o Paraná e para outros 22 grandes órgãos federais, feito pela
Gazeta do Povo. Os editais com vagas para 2013 cujas inscrições já encerraram
não foram levados em consideração.
Embora difícil de precisar, o número de vagas para o próximo
ano certamente será superior a 55 mil, segundo Ernani Pimentel, presidente do
Grupo Vestcon, maior editora brasileira de livros e apostilas para concursos.
Em muitos casos, as contratações costumam superar o total de vagas oferecidas
no edital, explica ele. “Recentemente, um edital do Tribunal de Justiça previa
250 vagas, mas foram contratadas cerca de três mil pessoas”. Além disso, a
necessidade de reposição de milhares de vagas descobertas deve fazer de 2013 um
ano com oportunidades acima da média para os concurseiros.
No Paraná, a grande expectativa é para o edital da Polícia
Militar, que tem 5.264 vagas para soldados e bombeiros. Também estão previstas
13.771 vagas para a área da educação, com 13.771 oportunidades para professores
e pedagogos; 400 vagas para delegados da Polícia Civil; e 423 colocações para
agente penitenciário. Ao todo, somando as vagas abertas nos municípios, o
estado terá cerca de 20 mil cargos públicos à disposição em 2013. Nem todos
devem ser preenchidos imediatamente, nos casos de vaga para cadastro de
reserva.
A nível nacional, 22 grandes órgãos federais têm editais
previstos para 2013 com perspectiva de 34 mil vagas. Entre os mais aguardados
está o do Banco Central, com previsão de 1.850 postos e salários que variam de
R$ 4,9 mil e R$ 14,9 mil. Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal,
Correios, INSS, BNDES, Aeronáutica e ministérios também integram a lista.
Sobram candidatos
Apesar do “boom” de oportunidades nas carreiras públicas,
ainda faltam vagas e sobram candidatos interessados no tripé estabilidade, bons
salários e pacote de benefícios. “Existem hoje no Brasil em torno de 11 milhões
de concursandos para um volume de vagas bem inferior a esse”, afirma Pimentel.
Aos interessados na carreira pública, ele orienta fazer um projeto de seis
meses de estudos para as matérias básicas. Após essa fase, então, o candidato
estaria apto a partir para matérias e concursos mais específicos, com chances
reais de colocação.
Formado em arquitetura, Milton Carlos Zanelatto Gonçalves,
34 anos, faz curso preparatório para escriturário do Banco do Brasil de olho na
progressão de carreira dentro do banco. “Estou buscando estabilidade através do
desenvolvimento das minhas competências”, diz. Já a administradora Natali
Assunção da Silva, de 37 anos, está dividindo seu tempo entre o curso
preparatório para o Banco do Brasil e para o TRT Paraná. “Mais do que o salário
de R$ 1.800, foi o pacote de benefícios e a carga horária de seis horas que me
motivaram a buscar uma carreira pública”.
Salários do serviço público estão mais desiguais
Agência O Globo
Apesar de a desigualdade social vir diminuindo nos últimos
anos no Brasil, a salarial está aumentando dentro do serviço público, conforme
divulgado na última semana pelo Boletim de Mercado de Trabalho do Ipea. Tem
gestor estadual com salário inicial de R$ 3.800, e federal, com R$ 13 mil. Um
médico ganhando R$ 3 mil e outro mais de R$ 7 mil em prefeituras distintas.
No caso dos funcionários federais, por exemplo, o Índice de
Gini, que mede a concentração de renda (quanto mais perto de 1 maior a
desigualdade), passou de 0,8728 para 0,8973, entre 2002 e 2009. Entre os
estaduais, de 0,7510 para 0,7783; enquanto a esfera municipal registrou queda:
de 0,6051 para 0,5678.
Para a professora da Ebape/FGV de Administração Pública e
Finanças Públicas, Mônica Pinhanez, “é natural que haja hierarquia entre as
diferentes esferas de poder (federal, estadual e municipal), porque cada uma
tem recursos e responsabilidades diferentes”. Contudo, deveria haver proporções
mais razoáveis.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro
Joaquim Barbosa, parece concordar. Tanto é que, na última semana, derrubou
decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que autorizava o pagamento de
salários acima do teto constitucional para 168 servidores do Tribunal de
Contas. Eles tiveram os salários, que chegavam a R$ 50 mil, reduzidos ao teto
de R$ 24,1 mil.
Além da falta de um política de recursos humanos definida,
Eduardo Freguglia Daré, mestre em Teoria Econômica pelo Instituto de Economia
da Universidade Estadual de Campinas e co-autor da nota do Ipea, atribui a
expansão da diferença de renda no setor público a fatores como aumentos no
governo Lula e ao crescimento da competitividade para passar em um concurso, que
exige maior qualificação dos funcionários: “Tem que haver uma balança.
Profissionais com grandes cargas de estudo devem ganhar mais. De maneira geral,
essa desigualdade interna é negativa para o país”, afirma.
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