Morre, aos 104 anos, o arquiteto Oscar Niemeyer
O principal nome da arquitetura no Brasil morreu nesta
quarta-feira, no Rio de Janeiro. Ele estava internado no Hospital Samaritano.
Velório será no Palácio do Planalto, em Brasília
Oscar Niemeyer, principal nome da arquitetura no Brasil,
morreu às 21h55 desta quarta-feira (5), aos 104 anos, no Rio de Janeiro. Ele
estava internado no Hospital Samaritano, em Botafogo desde 2 de novembro.
Inicialmente vítima de desidratação, o arquiteto também teve problemas nos rins
e era submetido a hemodiálise, além de fisioterapia respiratória.
Na manhã desta quarta, Niemeyer sofreu uma parada cardíaca e
sua respiração passou a ser mantida por aparelhos. A família do arquiteto ainda
não se manifestou. O arquiteto completaria 105 anos no próximo dia 15. Niemeyer
estava ao lado da mulher, Vera Lúcia, 67, e de sobrinhos e netos no momento da
morte. Cerca de dez pessoas o acompanhavam em seu quarto.
A presidente Dilma Rousseff divulgou nota nesta quarta-feira
(5) na qual lamenta a morte do arquiteto. "O Brasil perdeu hoje um dos
seus gênios. É dia de chorar sua morte. É dia de saudar sua vida",
escreveu a presidente da República. "Oscar Niemeyer foi o maior arquiteto
do Brasil. Um gênio da arquitetura mundial. Doce no trato, firme nas suas
convicções e amado pelo povo brasileiro", declarou Sérgio Cabral,
governador do Rio em nota.
Em outubro, ele havia ficado duas semanas no hospital também
por causa de uma desidratação. Em maio, teve pneumonia e chegou a ficar
internado na UTI. Recebeu alta depois de 16 dias. Em abril de 2011, foi
submetido a cirurgias para a retirada da vesícula e de um tumor no intestino.
Na ocasião, ele ficou internado por 12 dias por causa de uma infecção urinária.
Niemeyer deixa a mulher, Vera Lúcia, 67, com quem se casou
em 2006. Deixa ainda quatro trinetos, 13 bisnetos e quatro netos, filhos de
Anna Maria --sua única filha, morta em junho deste ano aos 82--, fruto de seu
casamento com Anita Baldo, de quem ficou viúvo em 2004.
Biografia
Oscar Niemeyer nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1907,
mesmo ano em que a cidade recebeu o sistema de luz elétrica. Em 1928, ele se
casa com Annita Baldo, filha de imigrantes italianos, com quem ficou casado por
76 anos, até o falecimento dela em 2004. A filha do casal, a designer e
marchand Anna Maria Niemeyer, faleceu em junho deste ano, aos 82 anos. Desde
2006, quando tinha 98 anos, o arquiteto é casado com a sua secretária Vera
Lúcia Cabreira.
Um ano depois de se casar pela primeira vez (1929), Niemeyer
passa a integrar a Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, que, dois
anos mais tarde, começou a ser dirigida pelo arquiteto Lúcio Costa. Em 1932,
ele passa a atuar profissionalmente no escritório de Costa. Os dois
participariam juntos, nos anos 1950, do planejamento da nova capital federal,
Brasília, a convite do então presidente da República Juscelino Kubitschek.
Dentre as obras mais célebres assinadas pelo arquiteto
carioca estão a sede do Ministério da Educação e Saúde, o antigo MES (1936),
quando a capital federal ainda era o Rio de Janeiro, a Igreja da Pampulha (Belo
Horizonte – 1940), a sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque
(1947), o Edifício Copan (São Paulo – 1951), o Palácio do Planalto (Brasília –
1958), a sede do Partido Comunista Francês (Paris – 1964), o Sambódromo da
Marquês de Sapucaí (Rio de Janeiro – 1984) e o Museu de Arte Contemporânea
(Niterói – RJ – 1996).
Em 1945, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e
sempre deixou claro seu alinhamento com o pensamento de Karl Marx. No ano de
1956, idealiza o cenário da peça teatral Orfeu da Conceição, de autoria de
Vinícius de Moraes.
Durante a Ditadura Militar, morou em Paris, onde chegou a
montar um escritório em 1972. Ao longo de sua vida, recebeu diversas
condecorações em reconhecimento pelo seu trabalho, como o Prêmio Imperial da
Associação de Arte do Japão (2004).
Carioca
Nascido no bairro de Laranjeiras, no Rio, Oscar Niemeyer se
formou em arquitetura e engenharia na Escola Nacional de Belas Artes em 1934.
Em seguida, trabalhou no escritório dos arquitetos Lúcio Costa e Carlos Leão,
onde integrou a equipe do projeto do Ministério da Educação e Saúde.
Por indicação de Juscelino Kubitschek (1902-1976), então
prefeito de Belo Horizonte, Niemeyer projetou, no início dos anos 1940, o
Conjunto da Pampulha, que se tornaria uma de suas obras brasileiras mais
conhecidas.
Em 1945, o arquiteto ingressou no Partido Comunista
Brasileiro (PCB), entrando em contato com Luiz Carlos Prestes e outros políticos.
Ao longo das décadas, travou amizades com diversos líderes socialistas ao redor
do planeta, viajando constantemente à União Soviética --conjunto de países
comunistas liderado pela Rússia-- e a Cuba.
Em 1947, Niemeyer fez parte da comissão de arquitetos que
definiria o projeto da sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova
York. A proposta elaborada por Niemeyer com o franco-suíço Le Corbusier serviu
de base para a construção do prédio, inaugurado em 1952.
Durante os anos 50, projetou obras como o edifício Copan e o
parque Ibirapuera, ambos em São Paulo, além de comandar o Departamento de
Arquitetura e Urbanismo da Novacap, responsável pela construção de Brasília.
Ao lado de Lúcio Costa, ajudou a dar forma à nova capital,
concebendo edifícios como o Palácio da Alvorada e o Congresso Nacional.
Inaugurada em abril de 1960, Brasília transformou a paisagem natural do Brasil
central em um dos marcos da arquitetura moderna.
Impedido de trabalhar no Brasil pela ditadura militar,
Niemeyer se mudou em 1966 para Paris, onde abriu um escritório de arquitetura.
Projetou a sede do Partido Comunista Francês, fez o Centro Cultural Le Havre,
atualmente Le Volcan, realizou obras na Argélia, na Itália e em Portugal.
Após a anistia, retornou ao Brasil, no início dos anos 1980.
No Rio, projetou os CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública, apelidados
de "brizolões") e o Sambódromo, durante o primeiro governo de Leonel
Brizola no Estado (1983-1987).
Em 1988, Niemeyer se tornou o primeiro brasileiro vencedor
do prêmio Pritzker --o Oscar da arquitetura. Depois dele, Paulo Mendes da Rocha
recebeu a honraria, em 2006. Ainda em 1988, Niemeyer elaborou o projeto do
Memorial da América Latina, em São Paulo.
Nos anos 1990 e 2000, a produção de Niemeyer continou em
alta, com a inauguração do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ), o Museu
Oscar Niemeyer, em Curitiba, e o Auditório Ibirapuera, dentro do parque, em São
Paulo.
Em 2003, exibiu sua versão de um pavilhão de exposições na
tradicional galeria londrina Serpentine --que todo ano constrói um anexo
temporário.
Em 2007, projetou o Centro Cultural de Avilés, sua primeira
obra na Espanha, construída durante três anos ao custo de R$ 100 milhões.
Inaugurado em março de 2011, o Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer foi
fechado após nove meses, em meio ao agravamento da crise econômica,
desentendimentos entre o governo local e a administração do complexo no dia do
aniversário de 104 anos de Niemeyer. Em meados de 2012, no entando, o centro
foi reaberto.
Mais de 60 anos após a realização do Conjunto da Pampulha, o
arquiteto voltou a assinar um projeto de grande porte em Minas Gerais em 2010,
com a inauguração da Cidade Administrativa do governo do Estado, na Grande Belo
Horizonte.
Atualmente, em Santos, está em execução o projeto de
Niemeyer para o museu Pelé. A previsão é que a obra seja concluída em dezembro
de 2012.
Este Grande Homem, que muito fez, e muito deixou nunca será esquecido.
Fonte: Gazeta do Povo.
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