Roteiro jesuíta inclui sítio arqueológico no Paraná
A escolha do jesuíta Jorge Mário Bergoglio como o novo papa pode ser uma inspiração para quem procura destinos históricos. No Paraná, ainda existem resquícios desse período, que relembram uma fase importante da história dos jesuítas e da formação do estado.
A cidade de Santo Inácio, a 90 km de Maringá, na região Noroeste, é remanescente das primeiras missões jesuíticas. Além de levar o nome do fundador da ordem religiosa (Inácio de Loyola), o município de 7 mil habitantes mantém as ruínas de San Ignácio Mini, uma das 15 reduções que foram erguidas no atual território paranaense, na época chamado de província do Guayrá.
Na década de 1960, o local se tornou um sítio arqueológico e ponto de pesquisas para centenas de estudiosos da área. Atualmente, o sítio é controlado pela Secretaria de Cultura e Turismo do município, que promove visitas guiadas por arqueólogos e historiadores.
O passeio é gratuito, mas precisa ser agendado. O roteiro começa pelo museu da cidade, criado em 2009 e que abriga aproximadamente 1,3 mil peças, incluindo artefatos dos primeiros povos que ocuparam a região, há cerca de 6 mil anos. Por enquanto, apenas uma parte do acervo está disponível para visitação.
No espaço, também estão instrumentos utilizados pelos padres jesuítas, como crucifixos e louças, cerâmicas feitas pelos índios guarani e pertences dos bandeirantes paulistas e portugueses, responsáveis pela expulsão dos espanhóis e pela destruição das reduções por volta de 1630. Também há uma sala dedicada à memória dos primeiros moradores do povoado de Santo Inácio, formado em 1924.
Na sequência, o turista segue para o sítio arqueológico, que fica na zona rural. Parte do trajeto é feito por estrada de terra, o que dificulta o passeio em dias de chuva, uma vez que o visitante utiliza o próprio automóvel para chegar até o local. O transporte em ônibus da prefeitura é feito para grandes grupos.
A única indicação de acesso ao sítio é uma grande cruz em frente à rodovia, marcando o início da estrada que leva ao antigo povoado. Ao chegar ao local – tombado como patrimônio cultural do estado – o turista tem uma bela vista do encontro dos rios Santo Inácio e Paranapanema.
A área da redução também abriga o Laboratório de Pesquisas em Arqueologia, criado em parceria com a Universidade Estadual de Maringá (UEM), que mantém trabalhos de pesquisa e proteção do ambiente. Além de banners explicativos, também há uma maquete retratando a redução, que após os ataques dos bandeirantes, foi abandonada pelos jesuítas e indígenas.
O visitante também pode observar alguns vestígios arqueológicos dentro da mata e nas margens dos rios. A recomendação é que a visita seja feita em dias de tempo firme e em períodos de pouca chuva, pois quando o nível do Paranapanema está mais baixo é possível observar resquícios como as telhas de uma olaria erguida na colônia indígena, no século 19. A caminhada não é longa, mas é melhor utilizar calças jeans e calçados fechados para atravessar trechos de mato alto.
O roteiro turístico de Santo Inácio também inclui visitas ao marco dos 400 anos da redução (uma estátua de Inácio de Loyola) e um painel desenhado na biblioteca do município. Segundo a diretora do Museu Histórico de Santo Inácio, Josilene Aparecida de Oliveira, a escolha de um jesuíta como papa pode aumentar o interesse por Santo Inácio.
Fonte: Gazeta do povo
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