sábado


Homenagem em clima de festa


Show com diversas bandas na Boca Maldita presta tributo ao músico curitibano Emerson Antoniacomi, morto em maio deste ano após passar 35 horas esperando por um leito de UTI na capital.
Mais de cem músicos curitibanos se reúnem neste sábado, às 11 horas, na Boca Maldita, no centro de Curitiba, para um show gra­tuito em homenagem a Emerson Antoniacomi, músico e produtor morto em maio deste ano. Bastante conhecido no meio cultural da cidade, Emerson era multinstrumentista e tocava baixo, guitarra e teclado em bandas como Regra 4, Namastê, Djambi, Homem Canibal, Ar­ma de Jah e Sinfonética Comunitária Flutuante.

Ao todo, serão 17 apresentações de músicos e bandas de amigos e parceiros de Emerson para lembrar do artista, que morreu aos 40 anos, após passar 35 horas esperando por um leito de UTI no Centro Municipal de Urgências Médicas (CMUM), do bairro Boa Vista, após sofrer um derrame cerebral.
Segundo o organizador da homenagem, o músico Rafa Gomes, o evento terá um clima “de festa, com música na rua para todo mundo ouvir”.“Não é um evento político, nem um evento de protesto. É só uma homenagem ao Emerson”, explicou.

Gomes diz ter preferido esperar o fim do processo eleitoral em Curitiba para que a ideia do evento não fosse mal-interpretada. “Queremos lembrar do nosso amigo, de um músico que estava no auge da carreira com as músicas que ele fazia e de que gostava”, disse.

Para o irmão de Emerson, Anderson Antoniacomi, esta é a melhor maneira de lembrar do irmão: “com música, amigos e alegria”. Ele, que também é músico, vai abrir a apresentação com canções que tocava com o irmão.

Descaso

No dia 17 de maio, Eme­r­­son sentiu fortes dores de cabeça e desmaiou durante uma reunião de trabalho. O Samu foi chamado e ele foi encaminhado para o CMUM, onde foi diagnosticado um acidente vascular cerebral (AVC) e a necessidade de uma cirurgia de emergência.

A família buscou, durante todo o dia seguinte, uma vaga em hospitais públicos e particulares de Cu­ritiba, mas não conseguiu. Faltaram leitos públicos e os hospitais privados exigiram depósitos em dinheiro como garantia, quantias que a família não conseguiu viabilizar a tempo.

O caso provocou a revolta de amigos e familiares, pois a demora em encontrar um leito teria sido determinante para a morte de Emerson. Na época, a Secretaria Mu­nicpal da Saúde reconheceu que o tempo de espera foi acima do normal para um caso de AVC, pois haveria uma “crônica falta de leitos em Curitba e Região Metropolitana devido à necessidade de se atender em Curitiba pacientes vindos do interior do estado”.

Anderson explica que a família preferiu não entrar com nenhuma ação judicial contra a Prefeitura de Curitiba, pois temia que a longa batalha jurídica pudesse piorar a vida de seus pais e familiares, já fragilizados pelo luto. “Uma ação demoraria talvez oito anos, em que precisaríamos ficar remoendo tudo o que passou a cada dois meses. Achamos que não era o momento.”

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