segunda-feira


Demanda pressiona custo dos serviços e o atendimento deixa a desejar.


Está difícil conseguir vaga em estacionamento, brecha na oficina mecânica, empregada doméstica. E em muitos casos a qualidade dos serviços piorou
Encontrar um estacionamento perto do trabalho, levar o carro para oficina, consertar um eletrodoméstico, pegar um táxi em dia de chuva, contratar uma diarista ou arranjar uma vaga em escola particular para os filhos virou dor para a cabeça e o bolso nos últimos tempos. Mesmo com a economia andando mais devagar, o brasileiro vem sentindo o forte aumento nos preços dos serviços e, em muitos casos, acompanhado de piora na qualidade do atendimento.

Nos últimos 12 meses, os preços dos serviços subiram 7,98%, bem acima da média da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, que variou 5,45% no período. Os preços dos estacionamentos, por exemplo, aumentaram 10,76%. Contratar uma empregada doméstica está 13,75% mais caro. A educação infantil aumentou 11,12%, o conserto da máquina de lavar e do refrigerador subiram 9,3% e 8,47%, respectivamente. Comer fora está 9,6% mais salgado e serviços pessoais, como manicure (11,56%) e cabeleireiro (8,84%), também têm subido fortemente.
Sem solução
Entre arregaçar as próprias mangas e comprar novo

A comerciante Maridalva Martins Stédile, de 44 anos, está há três meses sem empregada doméstica. Ela, que tem um supermercado, chegou a anunciar na própria loja a vaga de emprego, mas até agora ninguém se interessou. “Na maioria das vezes elas acabam desistindo em pouco tempo porque encontraram um emprego melhor, com mais oportunidades”, diz. Foi o caso da última empregada, que encontrou uma oportunidade em um açougue. Com isso, ela tem tido de se dedicar às tarefas domésticas que eram feitas pela empregada.

Reparo

A estudante Isabela Serraglio, de 18 anos, precisou procurar uma assistência técnica para arrumar o celular com a tela quebrada, mas acabou optando por comprar um novo: “O preço que eles estavam cobrando não valia a pena”. O custo do reparo sairia mais da metade do preço de um celular novo. Ao invés de pagar R$ 350 pelo conserto, ela optou por comprar um aparelho novo, de R$ 620. “Sem contar a demora no atendimento. Ia ter de esperar pelo menos três semanas para ter meu celular de volta.”

Frota enche estacionamentos e oficinas

A auxiliar administrativa Claudia Voos, de 36 anos, teve de pesquisar muito para encontrar um estacionamento onde deixar o carro perto do trabalho, no bairro Água Verde. “Em uma mesma quadra há uma diferença de até R$ 50 entre os preços praticados pelos estacionamentos. E muitos não têm vagas”, diz. Ela paga R$ 120 por mês, mas conta que há estacionamentos de até R$ 210 nas redondezas. “Na rua é impossível deixar o carro, não tem espaço.”

O crescimento da frota nos últimos anos vem abarrotando os estacionamentos, que passaram a atender não apenas quem precisa estacionar para trabalhar, estudar ou fazer compras, mas também quem não tem onde colocar o carro adicional que foi comprado recentemente. Muitas vagas são preenchidas por carros de moradores de edifícios residenciais que precisam de uma garagem extra.

Outro gargalo produzido pela explosão da frota fica evidente na procura por serviços de reparos e pós-venda nas oficinas. O grupo Servopa chega a atender nos serviços de pós-venda 4 mil carros por mês, segundo o diretor do grupo, Marco Antônio Rossi. De acordo com ele, alguns serviços, como reparos de lataria e funilaria, acabam demandando mais tempo e podem demorar até 30 dias. O principal problema, reclamam as concessionárias, é a falta de mão de obra. “Perdemos funcionários para o mercado imobiliário que só agora, com esse setor se acomodando, estão voltando”, diz Luis Antonio Sebben, diretor do grupo Slaviero. Mesmo os cargos de menor qualificação, como o de lavador de carro, estão difíceis de serem preenchidos. “Hoje um lavador de carro chega a ganhar um salário inicial de R$ 1,1 mil mais benefícios, como vale refeição e plano de saúde.”



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